Agro Eco Negócios
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Agroeconegócios: UFMG é pioneira ao oferecer disciplina sobre o assunto no Brasil
Disciplina reúne acadêmicos de diversos cursos do campus de Montes Claros e busca mostrar como o agronegócio pode caminhar junto com a ecologia
Agronegócio e meio ambiente caminhando lado a lado. Foi com o objetivo de desmitificar a crença geral de que os dois conceitos se opõem que o professor Délcio Cordeiro Rocha, do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG, criou a disciplina de Agroeconegócios.
A matéria, oferecida pela primeira vez neste semestre, reúne acadêmicos dos cursos de Administração, Agronomia, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal e Zootecnia.
“Sempre me incomodou esta visão equivocada que separa o agronegócio da parte ambiental. Elas estão intimamente ligadas, seja de forma positiva ou negativa. A ideia da disciplina é discutir vários tópicos em sala de aula a partir da visão de formação de cada aluno. Porque são cursos diferentes, vivências diferentes. É muito enriquecedor ver e pensar a realidade de cada um dentro da disciplina”, explicou o professor.
Ainda de acordo com o professor, esta é a primeira vez que o tema é abordado como uma disciplina em uma universidade no Brasil. “O termo Agroeconegócio só é utilizado na Espanha por enquanto, mas não se tem registro de uma disciplina”, afirma.
Transdisciplinaridade
O professor Délcio Rocha criou a disciplina após notar a demanda entre estudantes da UFMG em Montes Claros. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)Ao reunir alunos de diversos cursos, o professor buscou uma metodologia que facilitasse o diálogo entre as áreas.
Durante as aulas, uma equipe apresenta um tema e, em seguida todos discutem os tópicos abordados colocando a sua realidade e pontos de vista sempre com foco sobre os impactos sobre o meio ambiente e como minimizar isso a curto, médio e longo prazo.
“Toda a turma discute e busca possíveis soluções para cada realidade. Buscando sempre o viés ambiental para minimizar ao máximo os impactos negativos, seja através de conhecimento científico e das tecnologias inovadoras ou dos conhecimentos empíricos ou populares para se contemplar essas trocas de saberes”, conta Délcio Rocha.
Segundo os acadêmicos, esta dinâmica tem ampliado o olhar sobre muitas questões estudadas.
“A metodologia facilita nosso aprendizado. A forma como o professor conduz o conteúdo nos ajuda, uma vez que nós temos a liberdade de escolha dos temas. E temos que ter a segurança sobre o que estamos falando. Quando estamos montando nossa apresentação, acabamos abrindo novas possibilidades dentro do conteúdo que estamos estudando e descobrindo detalhes que podem fazer diferença no dia a dia do próprio agronegócio e que muitas vezes não damos atenção”, diz o estudante do oitavo período de Agronomia, Yago Baliza.
Ao analisar as diversas dimensões do agronegócio e sua relação com o meio ambiente, a disciplina tem apontado para os alunos as tendências atuais do mercado.
“Ao longo da disciplina nós discutimos vários temas, várias cadeias produtivas em diferentes setores, e eu acredito que isso foi vantajoso porque durante a faculdade a gente faz disciplinas mais objetivas. Nós não temos a oportunidade de discutir mais a fundo como agora. Eu acredito que isto agrega na nossa formação ao nos mostrar que o agronegócio está em constantes transformações, é bem dinâmico”, relata Giovana Pereira do sexto período de Zootecnia.
Além dos muros da universidade...
Parte da turma em visita à minifazenda Dr. Zoo, com uma llama. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)
A turma também realizou algumas visitas técnicas ao longo do semestre. Entre elas, a ida à Fazendinha Dr. Zoo, onde são criados animais exóticos. “Nós tentamos mostrar para eles outras visões dentro do econegócio. Eles viram algumas plantas, como a pitanga por exemplo, que tem utilização no mercado de cosméticos. Outras frutas como jabuticaba, coquinho azedo… Tudo dentro das possibilidades da cadeia produtiva voltada para a questão do econegócio. Foi abordada também a questão do turismo, porque lá existem animais diferenciados, mini animais. A gente viu a necessidade de mais pesquisas a respeito. É realmente uma extensão, levar o conhecimento da universidade para fora dela”, apontou o professor.
Desta forma, aos poucos, os estudantes têm descoberto novas possibilidades no mercado. “Esta visita nos mostrou outras áreas de atuação que podemos ter. Vimos muitos animais. A produção de adubo a partir dos resíduos destes animais foi uma oportunidade que a gente viu lá. A questão da arborização e como trabalhar com estas plantas. Às vezes, a gente foca no agronegócio, somente na produção de commodities como milho e soja. E lá a gente viu que existe um mundo muito maior a ser explorado e muitas vezes não é falado”, diz Fernanda Araújo, do sexto período do curso de Agronomia.
O grupo visitou a Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. (Foto: Acervo Délcio Rocha/UFMG)
Um Site está sendo criado para compartilhamento de informações a respeito do assunto. www.agroecobrasil.com Professores e acadêmicos podem enviar materiais para publicação. A expectativa é de que a página esteja no ar até a conclusão das aulas.
O grupo visitou ainda a Feira Hippie, o Mercado Municipal e Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. Nos locais, a turma conheceu alguns produtos do econegócio como o capim dourado, os tipos de castanhas e frutas do cerrado oriundos do extrativismo.
Quase concluindo o curso de Agronomia, Diego de Figueiredo vê a disciplina como a oportunidade de entrar para o mercado com um olhar diferenciado sobre algumas questões. “Na disciplina de Agroeconegócios, além de ter a participação e o olhar de pessoas de outros cursos, a gente tem a oportunidade olhar outras temáticas, abordar inovações, desmistificar alguns pontos. Está sendo a oportunidade de discutir e repassar conhecimento”.
No quarto semestre do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, Rômulo Rafael de Souza começa a visualizar outros setores dentro da área. “Estou vendo um leque maior de possibilidades de trabalho. Aqui, estou enxergando que Agronegócio e Econegócio podem coexistir. É um trabalho que, no futuro, pode salvar o planeta”.
Texto: (Ana Cláudia Mendes/UFMG)
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